segunda-feira, 29 de abril de 2013



Resolvi, não sempre, mas somente hoje, destilar poesia.
Mesmo que agressiva, decidi amputar órgão da dor.
Somente hoje desespero versos.

Refugio-me em incertos e, quem sabe, assolo os cânticos certos.
Hoje abstenho-me da filosófica, das retóricas de paz.
Despejo a emoção animalesca irracional.
Minhas fontes modernas e agressivas.
Aqui, jaz o emocional.

Despejo o cântico da calma.
Cansado, defunto
Retrocesso a dor
Como um verto da alma.

Hoje volto mutilado.
Sou verto.
Reverso.
Sou verbo.

Hoje não liberto demônios.
Pelo contrário, os guardo.
Pelo inesperado
O incerto, pela chama os trago.

Hoje trago a voz.
Esfumaçada, transparente 
Desvirtuosa, só. 
em cinzas deposito
uma alma atroz. 
No poema 
Canto um plural
em espiral.
Um vez, somente, só.

segunda-feira, 1 de abril de 2013

Sou o que penso.
Penso sobre o que sou.
Na atmosfera fria, externa, sou o que posso ser.
Mesmo louco, apesar de pouco
Sou o que quero.
Querer, ansiar, sempre é pouco.

Sou esporro.
Gentil, singelo,
atroz,  tépido.
Sou na verdade a voz que não cala.
A voz que não diz.
Sou eco de mil vozes.
Sou toda a voracidade envelhecida.

Sou, talvez, a escuridão fosca
Um requiem.
Um verto.

Sou um homem comum,
no tédio.
Sou incomum na criação
Sou como um, no reflexo.

Para quem sabe,
Sempre sendo
Soube quem sou.
sabendo que o saber
é ilusão de crer.
De quem crê. 
É ilusão. É a morte do que sou.