quinta-feira, 22 de maio de 2014

Monocromático

Assim como suas palavras curtas.

Minha ausência altamente infecta.
Afiada.

Esta é a manifestação do éter enjaulado
Anestésico. Inflamado.

Que arde no peito como uma respiração suspensa
Que inspira uma metáfora barata
Como um coito arado.

Porém, cada palavra ardida tem asas
Que ferem dentro da pele.
E cada fração de segundo batida
O éter se petrifica.

É pacífico e eterno o sepultamento do corpo,
Prudente e expressivo o sacrifício do gozo,
Calculado com rigor e sofisticado pela psique,
creio.

Pulverizá-lo emerge uma ameaça
Ao subsolo da palavra.








quinta-feira, 15 de maio de 2014

O peso
Ainda pesa
Todos os meus cânticos reprimidos.

Nem mesmo esta doença sabe
Como profanar esse amor contido

Entupido.

Os meus versos estão doentes
Doloridos.
Salivam a cada instante.
Se ferem quando expostos na radiação neurótica do sol.
Na supressão da agressão dos amantes.

Houve,
E ainda há,
Diante das experiências,
Uma terra onde a matéria avança.

Onde a palavra torna-se transparente
E o Unheimliche vem à luz
Entre a hipotética sombra da natureza
E o inseparável e secreto mal-estar que me assemelha.

Ainda sinto-me forte
Associo por uma outra abordagem essa angústia que me abate.
Elevo para o desfecho do eu a angústia como moção sentimental
Embora complexo e confuso demais

Um afeto fundamental
Que cada vez mais se firma
Entre ambivalências, desejos e violências.

A voz,
Ainda leva
Esta atmosfera por sopros indefinidos.
E como um louco vou seguindo poético
Desviado, compulsivo, dissociado.