sexta-feira, 16 de agosto de 2013



De toda matéria bruta.
De tudo que nasce, mesmo em pedra dura

Do todo pouco que grita
Em toda atmosfera contida
Por toda alma embevecida...

Em todo ser que inspira.

Dita cruel,
Inconsequente
Doentia!

De toda neurótica enraivecida,
De toda doença mal consumida

De todo coração em febre
De toda angina ressurgida, 
Em todos os sulcos,
Peles 

De toda poética,
Traumática
De toda retórica
desconcertada.

E de todo fluxo
Nas válvulas contidas
cardíacas

Escrevo estes versos
Por esta alma.

Como quem assombra
O cerne desta extrema
Infecção
De nome,
Poesia.

Desta alma desatina,
Desiludida,
E hipocondríaca.

quinta-feira, 8 de agosto de 2013

Quimera



Ilude-se
Já é tempo.
A poesia não salva. 

Ela se míngua
Se desgraça
E te extrai

Sem beiras 
À realidade,
Que te cega
Em náuseas.

Nem mesmo suas veias frias
Nem essas vozes 
Das entranhas escuras
São salvas.

Ilude-se
Alma falha.
Não vê que tento expurgar
As impurezas desta matéria
Estranha!?

Não vê que sofro
Com esta realidade
Doentia!?

Vamos, Ilude-se
Alma tola!
Alimente este câncer
Que se multiplica
Pela escrita.

Que se multiplica
Pelo silêncio
Da fala.

Pela dor
De uma alma
Miúda
E calada.



sexta-feira, 2 de agosto de 2013

Eu poderia ter dito não.
Ter detido,
ter lhe suprimido.

Eu poderia gritar com meus medos,
Assustar suas alegrias
despertar sua dor.

Eu poderia conter a fraqueza.

Agora estou aqui
em mim,
observando
minha ofuscada luz.

Agora estou aqui,
com medos infantis,
e uma bipolaridade inventiva.

Estou aqui,
habitado pela mãe natureza.
Altamente destrutiva.

Que semeia
a escravidão
das minhas falhas tentativas de compor versos.

De explorar meus inversos.

Agora estou aqui,
e aqui já não se fala
do afago que cala.

Nem mesmo da insanidade
que consola
esta alma sagaz
que aflora
Alada..

Esta terrível alma desajustada...

Que deteriora
a aurora
dos que vêem as coisas,
todas,
em forma.

 Aqui, se cala.