quinta-feira, 25 de setembro de 2014

Procuro incessantemente um vestígio
Um objeto imaculado calcado ao canto da sala
Um feixe

Procuro no esquecido
lembranças
No estático
percurso

Procuro o aroma não notado
Aquela velha flor seca na bíblia dos nossos passados

Procuro o embaraço
o esquecido mofo
A alma dos objetos inacabados

Procuro o buraco estéril da matéria
Que anuncia a fantasia escura
Que suborna o meu canto inquietante
Antes do suborno da vida

Perco o curso
Do que procuro
e não curo esta alma
de couro bruto

quarta-feira, 3 de setembro de 2014

Ode hedionda


Estranhamente o sublime me apavora
Experimento o desprazer como potência
à dor que me aflora

Do gozo enfático
que por ora,
busca a forma volúpia de uma lógica
Amanhece com polução de um sonho apático
E um desejo coercível de ser bicho transubstanciado

- E na contração do sublime
Pequenos espasmos -

Narciso provoca e convulsiona a alma
É o desejo,
que destruído pela natureza mórbida
Cessa a contração dos impulsos surdos
Desta posteridade odiosa.

Em meu universo árido
Desperto a matéria grotesca
Uma áurea luz entardecida blasfema o meu dia
E em soluços
Seco ao fundo a minha lira

Extraio até a borda tudo o que em mim havia trago
Cujo ventrículo não havia filtrado.