quarta-feira, 12 de abril de 2017

Das Ding

No espelho
ruídos arranjam desarmônica sinfonia

cacofonias cínicas
clínicas

tenho em mim a transformação de Narciso 
à sombra de folhas lobuladas do carvalho

ruínas

tenho em mim uma linguagem envelhecida
e o corpo ancorado em reminiscências
sempre à deriva

tenho sussurros
anjos sátiros que gotejam ácido 

abstenho-me do silêncio
e do nu alado

tenho apenas a cabeça problemática
e os olhos gritando a ansiedade da alma

é o grande Outro
manifesto em náusea
que me olha
que me torna sujeito composto 

Matéria e gozo
do embrião civilizado

interposto.

David





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