sábado, 28 de dezembro de 2013



Compor e decompor o corpo.
Prostrar-se.
Esconjurar esta fétida matéria.

No ímpeto,
Violento e temeroso sintoma.
Há de se parafrasear a alma.

De respeitar esse hiato
E silenciar esses infernos pela palavra.

Anoitecê-la.
E destruí-la, por um acaso, no peso da conotação
de malditos versos.

A quimera há de vingar.
Há de solidificar a solidão...

De se pensar no eco.
Nesta alma que fere
E que prolifera na carne
expressões e desilusões.








quinta-feira, 19 de setembro de 2013

Que assim seja.

Dalí

Que a poesia seja o transtorno.
A agressão.
A violência.

Que ela seja o seu medo
Imortal.
Que seja crise
Existencial.

Que ela saiba ferir.
A sua fera
Domar.
Que te faça sentir.

Que a poesia seja a voz
Que te cala.
Que possa dizimar
Sua alma alada.

Que a poesia te machuque.
Te desarranje,
Que te faça suprimir.
Extinguir.

E assim te reluzir.

terça-feira, 3 de setembro de 2013

Versos ácidos

Aqui ficam os gritos
De uma alma calada.

Que sente no sufoco
Do corpo exposto
O desafio da amortalha.

Que sente nos
versos ácidos,
a ardência no vocábulo da alma.

Uma parte em dor
é refluxo.
É verbo.
É pecador,
mútuo.

Agora,
a laringe inflama.
É o tormento
que a alma canta.

Desafio ir embora
Demônio de outrora

O meu corpo
vê na necessidade do esporro
A liberdade que chora

Que alimenta esta matéria
inorgânica
iludida
e insatisfatória.

Que alimenta os cânticos
desta alma platônica.
Melancólica.
Próspera.



sexta-feira, 16 de agosto de 2013



De toda matéria bruta.
De tudo que nasce, mesmo em pedra dura

Do todo pouco que grita
Em toda atmosfera contida
Por toda alma embevecida...

Em todo ser que inspira.

Dita cruel,
Inconsequente
Doentia!

De toda neurótica enraivecida,
De toda doença mal consumida

De todo coração em febre
De toda angina ressurgida, 
Em todos os sulcos,
Peles 

De toda poética,
Traumática
De toda retórica
desconcertada.

E de todo fluxo
Nas válvulas contidas
cardíacas

Escrevo estes versos
Por esta alma.

Como quem assombra
O cerne desta extrema
Infecção
De nome,
Poesia.

Desta alma desatina,
Desiludida,
E hipocondríaca.

quinta-feira, 8 de agosto de 2013

Quimera



Ilude-se
Já é tempo.
A poesia não salva. 

Ela se míngua
Se desgraça
E te extrai

Sem beiras 
À realidade,
Que te cega
Em náuseas.

Nem mesmo suas veias frias
Nem essas vozes 
Das entranhas escuras
São salvas.

Ilude-se
Alma falha.
Não vê que tento expurgar
As impurezas desta matéria
Estranha!?

Não vê que sofro
Com esta realidade
Doentia!?

Vamos, Ilude-se
Alma tola!
Alimente este câncer
Que se multiplica
Pela escrita.

Que se multiplica
Pelo silêncio
Da fala.

Pela dor
De uma alma
Miúda
E calada.



sexta-feira, 2 de agosto de 2013

Eu poderia ter dito não.
Ter detido,
ter lhe suprimido.

Eu poderia gritar com meus medos,
Assustar suas alegrias
despertar sua dor.

Eu poderia conter a fraqueza.

Agora estou aqui
em mim,
observando
minha ofuscada luz.

Agora estou aqui,
com medos infantis,
e uma bipolaridade inventiva.

Estou aqui,
habitado pela mãe natureza.
Altamente destrutiva.

Que semeia
a escravidão
das minhas falhas tentativas de compor versos.

De explorar meus inversos.

Agora estou aqui,
e aqui já não se fala
do afago que cala.

Nem mesmo da insanidade
que consola
esta alma sagaz
que aflora
Alada..

Esta terrível alma desajustada...

Que deteriora
a aurora
dos que vêem as coisas,
todas,
em forma.

 Aqui, se cala.


quinta-feira, 6 de junho de 2013

Em humilde ato
Aceito a quimera
que habita os poetas.

Doença
que assombra a essência,
que permuta o estado mórbido
da alma humana.

Que aflora a perspicácia
que deteriora a luz remanescente
que, por hora, desobstrui poros incandescentes.

Que escarra uma lírica suja
e mal amada.

E mesmo,
mesmo que o corpo fale
e repudia a minha literatura...

Ainda sei que a alma transmuta.
Que na sucção nunca satura.
E que na antropofagia
encontro o refúgio do corpo que expulsa.